Diário O Município

RECAP PNG
D ITALIA 1200 X 300
Capa 3 - 825px X 200px - Podcast
SUNSET 1200 X 300
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow
Shadow

Século XIX: algumas considerações sobre certas ideias (parte II)

É uma estranha coincidência que o século dezenove tenha dado ao mundo três personalidades liderantes que se opuseram ao cristianismo, todas com o nome de Carlos; Karl (Carlos em alemão) Marx, Charles (Carlos) Darwin e o poeta francês Charles (Carlos) Baudelaire. Este último escreveu em “Abel e Caim”: Raça de Caim, ascende ao Céu/ E joga Deus na terra.
A constatação acima é do Reverendo Richard Wurmbrand (1909-2001), que durante 14 anos sofreu em prisões comunistas romenas. Ele escreveu mais tarde: “Os anos de prisão não me pareceram tão longos, porque descobri, sozinho em minha cela, que além da fé e do amor, há em Deus um deleite: um profundo e extraordinário êxtase de felicidade, a que nada no mundo pode comparar”.
Hoje caro(a) leitor(a), daremos continuidade as personalidades que marcaram o século XIX, influenciando o que se seguiriam nos próximos anos, chegando na atualidade. Assim, iremos identificar a personalidade de Karl Marx (1818-1883). Nascido em Tréveris, na Alemanha, foi filósofo, político, economista, sociólogo e jornalista.
Dentre as suas ideias mais notáveis estão: a transição gradual para o comunismo, a ditadura do proletariado, o materialismo histórico e materialismo dialético, o socialismo científico, o modo de produção, a mais-valia, a luta de classes, a teoria marxista da ideologia e da alienação e o fetichismo da mercadoria.
Em parceria com seu amigo, Friedrich Engels(1820-1895), condenavam: o sistema capitalista; a propriedade privada; a família; a liberdade individual e a religião. Vale uma menção, de que sua única identificação plausível em sua época, era o reconhecimento de que existia uma notória e intolerável injustiça no ambiente de trabalho, problema que a própria população conseguia enxergar, dada as condicionalidades dos trabalhos nas fábricas.
Entretanto, apesar de partirem de uma realidade plausível, apresentaram uma “solução” em nada original, mas composta de um conjunto de erros flagrantes, incompreensões radicais de história, da natureza humana, das causas sociais, dos grupos étnicos, do nacionalismo, do gerenciamento do trabalho e sobre a religião (sobretudo o cristianismo, ainda que seus postulados se fundamentem num apelo teleológico, profético e apocalíptico).
No Manifesto Comunista (1848), em sua aberturam escreveu: A história de todas as sociedades que ainda existem é a história de luta de classes. O homem livre e o escravo, o aristocrata e o plebeu, o senhor e o servo, o mestre da guilda e o oficial, em resumo, o opressor e o oprimido, ora ocultos, ora manifestos (…)”.
Divide et impera (dividir para conquistar, ou dividir para reinar), é o que podemos perceber na descrição. Uma estratégia de guerra que fora utilizada inúmeras vezes ao longo da história. Interessante perceber que nesta intenção, Marx foi muito claro, inclusive ao declarar no jornal que editava, Neue Rhenische Zeitung: “Quando chegar a nossa vez, não disfarçaremos o nosso terrorismo”.
E uma pergunta que necessita de resposta: como Karl Marx e seus colegas conseguiram ser eficientes em iludir o proletariado? O fascínio messiânico que exercia, pois foi o impulso religioso de seus seguidores que Marx explorou de forma inclemente e sistemática. Se aproveitou de um certo vazio pelo declínio da religião na Europa no século XIX.
Segundo Benjamin Wiker e Donald DeMarco, em Arquitetos da Cultura da Morte, “Marx pegou as noções de pecado original, pecado pessoal e redenção e as despiu daquilo que ele julgava ser suas associações negativas e incômodas. Como, para Marx, Deus não existia, o pecado original não poderia ser uma transgressão contra Deus. Em vez de nos libertar do pecado original, o Marx messiânico proclamava a necessidade de libertação do proletariado da exploração exercida pela classe dominante”.
E assim, sobre inúmeras camadas de significados, nada novo debaixo do sol, temos uma teoria que foi cultivada e sofreou inúmeras metamorfoses, mas que no fundo, criou a possibilidade ilusória de transformar o domínio físico, na consolidação ou “criação” de um paraíso na terra. Pois a primazia se dá no plano material, ainda que permeadas de elementos metafísicos distorcidos e adulterados.
Por fim, deixo aqui, trechos de alguns poemas juvenis de Marx, ilustrando suas inclinações desde cedo, com uma aspiração à divindade e sua revolta: “Então, vaguearei como um deus, vitorioso. Pelo mundo. E, dando uma força ativa às minhas palavras. Sentir-me-ei igual ao Criador”, “Quero vingar-me daquele que reina lá em cima…” e “A ideia de Deus é a clave dominante, de uma civilização pervertida. Tem de ser destruída”.
Pode até soar contraditório, um homem que minou o campo das religiões, querer se comparar ao próprio Deus. Seria delírio? Ou apenas um anseio de uma alma aflita, que se rebelou contra a ordem estabelecida, tendo dado vazão aos encantos do sibilo da serpente? Há uma enorme diferença entre bodes e ovelhas !!!