O discurso que convence: nos bastidores da política moderna
A política moderna, notadamente a partir do século XX, torna-se um conceito puramente “técnico”, tendo como base o discurso retórico. Esse processo, esconde em alta medida importantes nuances dos valores e características que passaram a moldar o imaginário coletivo, não ficando restrito, assim, somente ao processo eleitoral.
O discurso retórico, passou a ser o direcionador do debate público, o esvaziando. Dessa forma, o personagem ou grupo político que assume determinado discurso retórico, passa a contar com a simpatia e até a mesmo o colaboracionismo de setores importantes da sociedade, como líderes de grupos organizados e até mesmo da imprensa.
O que se ignora é que para um discurso tornar-se retórico, ele precisa passar por diversas camadas de preparação e organização antes de “cair na boca do povo”. Quando olhamos para o passado, em casos que geram um escândalo somente pela simples citação, como o Nazismo, a pergunta que mais ouvimos é: “como foi possível ninguém ter percebido isto?”. Hoje, nós estaríamos livres de sermos cooptados do discurso nazista? A resposta parece ser óbvia, mas esconde uma realidade importante do processo de manipulação do discurso e subversão das consciências coletivamente.
A constatação acima vem na contracapa do livro “Do ocultismo na política moderna – revolução da gnose: nova era, liberalismo, comunismo e globalismo”, do autor Daniel Ferraz, nos trazendo um breve panorama histórico, e com uma abundante fundamentação, apontando os bastidores que trouxeram a forma da política moderna.
Em linhas gerais, caro(a) leitor(a), o que apresentaremos hoje, é uma resumo, uma síntese, de como os temas desenvolvidos até aqui, tem em comum, o que tem suscitado por séculos, a busca por criar de forma artificial, uma espécie de paraíso na terra, e para isso, foram consolidando um modo mais eficaz de alcançar os objetivos.
Em última instância a batalha é cósmica, seu alvo é a alma humana. A cada dia se enaltece o amor-próprio, e o desprezo de Deus. Com um idealismo absoluto, criaram a falsa ilusão de subtrair a origem do universo de seu Criador, e projetaram um indiferentismo em relação a toda ordem apresentada entre a vontade e a razão natural.
Isto por sua vez descamba na transformação das paixões humanas mais baixas do homem, num veículo de controle, influência, condicionamento, e eu, até diria, entorpecimento, para que não se aperceba o abismo que separa, as impressões, da realidade.
Interessante, que para sabermos lhe dar com isso, um dos elementos necessários é a compreensão da Verdade. Para o Aquinate, a Verdade se traduz em adequar o intelecto à coisa. Qual a relação com a política moderna? Na Antiguidade, para Platão, a ordem política é também a ordem da alma. A alma em sua constituição possui três elementos básicos em sua composição, a saber, intelecto, vontade e sensibilidade.
Existe nesta tríade, uma relação real, e não ideal. O intelecto ordena a vontade, para que esta se ordene ao bem agir, à reta razão e o bem ao próximo. Quando a vontade é a reguladora do nosso intelecto, vem o tropeço, e a depender da habilidade desenvolvida, ou se a situação em específico é a própria circunstância para desenvolver a habilidade, teremos resultados diferentes.
Por isso temos na literatura bíblica inúmeros conselhos e exortações para renovarmos a nossa mente, apresentando-nos constantemente pérolas no autoconhecimento (tema recorrente nas pseudoterapias, sobretudo a partir do final do XIX, início do XX, – com forte apelo à vontade).
O discurso que convence, e que agora começa a sair dos bastidores, é fluente em falar uma linguagem que convence as pessoas. No Estado moderno, o Divino foi diluído no tempo, com inúmeras subculturas (dividir para conquistar). O homem que se torna Deus no processo histórico. No dizer de Santo Agostinho: “ A Cidade de Deus está feita pelo amor a Deus levado ao desprezo do eu; a cidade terrena pelo amor do eu levado ao desprezo de Deus”.