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Quinto campo: a ética nas leis da vida

“A eutanásia ou o suicídio assistido são práticas legais na Holanda, Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Colômbia, Canadá e em cinco estados norte-americanos. O Canadá foi o último país a legalizar esta prática. Há apenas três dias o estado australiano de Vitoria aprovou também a legalização da eutanásia, medida que deverá entrar em vigor em junho de 2019”.
Na chamada da matéria publicada no Diário de Notícias no ano de 2017 escrita acima, a jornalista Susete Francisco, nos traz um panorama desta pratica em nossa sociedade. O nosso quinto campo trata do tema bioético-jurídico, em linhas gerais, representam a forma como a vida tem sido encarada e como as leis tem ido na direção de diluir aquilo que um dia fora comum na vida dos povos – sobretudo neste século.
Em resposta a um médico, o professor Olavo de Carvalho, no ano de 2004, colocou o sujeito no seu lugar. O mesmo o havia agradecido por uma resposta, mesmo contrariado (o médico), sobre o tema da eutanásia. O médico agradece a resposta rápida, pontuando as suas discordâncias, se justificando com o seguinte argumento: “Só quem conviveu com um paciente moribundo com mais de 30 dias em UTI e sofrimento desnecessário, e conviveu com o nascimento de um anencéfalo pode ter opinião diferente da sua (…)”.
Antes de reproduzir a resposta do professor Olavo sobre o que foi dito pelo médico, é importante considerarmos algumas questões, dentre elas, a de que são infindáveis os problemas, novidades e pontos de vista advindos das ciências medicas e biológicas. Se observássemos as mudanças e a velocidade que se desenvolvem, bem como, os patamares que podem chegar este ‘desenvolvimento’, nos deixariam assombrados.
Contudo, este avanço nos coloca diante de uma verdade: somos seres frágeis e mortais. Ampliando o nosso horizonte e adentrando a imensidão do universo natural, inexoravelmente, podemos conceber o quão pequenos somos, o quanto é ordenada a Criação e quão sábio é o Criador por trás de tudo isso. Envolto em uma fumaça, comparando o que foi dito sobre a imensidão e organização do universo, somos trazidos a realidade de que não podemos tudo, pois, existem limites materiais e morais para ações humanas.
Retornando ao diálogo do professor com o médico, Olavo traz a seguinte resposta: “Já convivi com moribundos. Um deles, após alguns meses de “sofrimento desnecessário”, muito além do nível máximo que os adeptos da eutanásia exigiriam para sentir-se autorizados a mandá-lo desta para melhor, se recuperou miraculosamente e hoje é um dos meus melhores amigos. Quanto a anencéfalos, é ridículo pretender que a ciência conheça exatamente a função do cérebro na produção da consciência. Casos como aquele que reproduzo logo abaixo mostram a profunda ignorância da classe médica a respeito.
A única atitude sábia ante a constatação da nossa ignorância é a prudência, a abstinência de decisões drásticas. Não há decisão mais drástica do que aquela que determina se um ser humano deve viver ou morrer. O senhor pode se achar habilitado a tomar essa decisão, mas não está e não estará nunca. A eutanásia será sempre a reivindicação abusiva de um poder divino, uma hübrys demoníaca que não poderá produzir nenhum resultado bom.
O fato mesmo de que, na nova constituição do poder mundial, o direito à eutanásia venha consagrado na mesma lista que inclui o aborto, a liquidação de anencéfalos e o uso de fetos humanos nas pesquisas de células-tronco – sempre justificadas com argumentos que implicam a incapacidade de discernir entre um ser humano e os organismos animais – já mostra a inspiração profundamente anticristã dessa ideia.
O senhor pode brincar com a diversidade de interpretações da Bíblia – um livro que aparentemente, para o senhor, não passa de uma curiosidade histórica – , mas nunca, entre leitores cristãos, essa diversidade será tão elástica ao ponto de chegar ao antagonismo extremo numa questão essencial como a do direito à vida. O fato mesmo de que o senhor se abstenha de discutir comigo mostra que nunca se interessou seriamente pelas objeções à posição que adotou, a qual reflete manifestamente uma preferência pessoal não examinada.
Reconheço seu direito de dessensibilizar-se para as dificuldades morais dessa posição, mas advirto que não existe consciência moral onde não existe o exame demorado e escrupuloso das hipóteses em conflito, principalmente num caso que envolve a decisão quanto à morte de seres humanos. A afirmação de que “as discordâncias são fundamentais” é apenas uma expressão de polidez bem fácil, quando acompanhada da recusa de examiná-las (…)”.
A vida mesmo diante de suas agruras, encontra seus caminhos para se desenvolver, pois há uma inclinação natural em nossa constituição humana – como que um timbre, carimbado em nossa alma, contudo, de modo artificial, vai se consolidando, através deste quinto campo, uma ‘nova’ realidade, ou quem sabe, “um admirável mundo novo”.