Diário O Município

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Segundo campo: a economia global

“Conseguiu que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tivessem um sinal na mão direita e na fronte, e que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da Fera, ou o número do seu nome”. Estas são algumas das palavras, descritas através do apóstolo São João, quando esteve exilado na Ilha de Patmos (localizada na extremidade leste do Mar Egeu, fica por volta de 55 Km da costa sudoeste da Turquia).
Até aqui, algumas informações sobre este lugar, contudo o nosso foco é situar a descrição do apóstolo dentro do nosso segundo campo, a economia global. Mas antes, se faz necessário compartilhar uma outra peça para continuarmos a construção e aumentar o horizonte de consciência sobre a possibilidade apontada, que por hora e talvez para muitos, possa soar fictício, alegórico ou trivial.
Vamos ao ponto. É possível um governo exercer o controle total sobre o Estado e os indivíduos? Só para termos um entendimento, certas ideias atravessaram gerações, vestiram uma roupa adequada a cada momento, criando uma aparente cortina de fumaça. Bom, por estas ideias, movimentos foram surgindo e se consolidando. Vejamos por exemplo, o predomínio delas em suas múltiplas facetas, sempre no embotamento da realidade, contudo espraiando, induzindo e buscando conformar a sociedade mediante elementos e necessidades naturais que se fazem presentes nas pessoas.
Já mencionamos aqui, um sujeito chamado Karl Marx(1818-1883). Muito do que organizou, de sua leitura da história e do momento em que passava seu mundo, estamos falando do século XIX (1801-1900), foi possível, das leituras que realizou, do ambiente em que foi criado e dos poucos relacionamentos que lhe influenciaram, desenvolver uma interpretação e atuação sobre a estrutura da realidade.
Em algumas ideias contidas em seu panfleto, o Manifesto do Partido Comunista, é possível identificar uma aversão de Marx sobre as múltiplas instituições bancárias. Em contrapartida, existe um delineamento para a consolidação através de um banco central com monopólio total.
Segundo o jornalista Daniel Lopes, em A beira do abismo(2022), “o banco central seria o instrumento para controlar o fluxo do dinheiro na economia”, assim, em seus dez passos para a implementação do socialismo, existem alguns tópicos que nos dão conta de ilustrar este plano.
Assim, no quinto tópico, temos o seguinte: “Centralização do crédito nas mãos do Estado através de um banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo”, e no segundo, dos dez passos, lemos, um “pesado imposto progressivo”. Ora, até aqui deu para perceber, que seu interesse não estava em distribuir renda e poder.
A questão é outra, o seu inverso, a concentração de ambos (renda e poder). Ainda conforme Lopes(2022), “ Uma das maneiras que Marx teria imaginado para atingir seu objetivo seria a criação de um banco central forte, monopolizador. E o mundo está caminhando a passos largos nesta direção”.
Agora já se fala em moedas digitais centralizadas, sabendo que as criptomoedas são descentralizadas. Em relação a este movimento que escapa ao controle, existe um grande projeto em andamento, que já se desenvolve em alta velocidade, cujo nome é CDBC (Central Bank Digital Currencies), moedas digitais emitidas por bancos centrais.
Com isso temos um agigantamento total destes bancos, o pleno controle estatal sobre os padrões de consumo, diluindo algumas possibilidades de nossas escolhas, gerando uma maior dependência, ao nos colocar nas mãos de um governo total, chefiado, por um sistema, que se divide em alguns grupos. É bem provável que nem o próprio Marx idealizaria este assalto, nesta proporção.
Dito isto, ligo as pontas de nosso texto, caro(a) leitor(a), que o custo de nossa liberdade pode ser comprometido, e o quadro anunciado, ainda que numa linguagem figurativa, literal, ou talvez simbólica, apresentado no início do texto, ganha força, tem se aproximado, e se faz presente em nosso cotidiano, em algumas medidas.
Alguns dados importantes podem auxiliar para visualizarmos estas possibilidades. Em um estudo, que identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, foi revelado um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas. Após desfeito este emaranhado, se obteve o resultado dessa rede, com 147 empresas inter-relacionadas que controlam 40% da riqueza total, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Visões de um apóstolo antigo, regimes que tiveram suas experiências, por ideias que se transformaram e abalaram sociedades, a integração global em um único sistema. Talvez isso seja literatura. Na realidade é apenas uma elucidação de um dos campos importantes na conjuntura do mundo.