Diário O Município

Nosso objetivo não é conquistar ou subjugar um território pela força. Nosso objetivo é mais sutil, mais penetrante, mais abrangente. Estamos tentando, por meios pacíficos, fazer o mundo acreditar na verdade. […] Costumamos denominar “guerra psicológica” os meios que vamos usar para divulgar esta verdade. Não se assustem com o termo
[…]. A guerra psicológica é a luta para conquistar as mentes e as vontades humanas.
Esta é uma das afirmações mais precisas sobre as consequências de uma categoria de guerra que o mundo tem enfrentado nas últimas décadas, digo isso porque, do nível mais imediato de nossas relações, à um contexto mais abrangente, ela se faz presente, seja por pessoas mal intencionadas, pelos veículos de (des)informação e até mesmo por agências públicas, para induzir ao erro e a ilusão, nos manipulando.
As palavras proferidas no início deste artigo são de Dwight D. Eisenhower (1890-1969), presidente dos Estados Unidos entre 1953 e 1961. Como militar, foi Comandante Supremo das Forças Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial e Comandante Supremo das Forças da OTAN – só por esse quadro, você pode perceber que ele sabia do que falava.
Hoje não iremos falar de guerra no sentido convencional, mas convido você caro(a) leitor(a) a caminhar comigo em algumas reflexões, sobre como nossa vontade, pode estar sendo forçada e dirigida, principalmente no que diz respeito a manipulação do inconsciente através da psicologia social.
Segundo Cristina Jiménez, em seu livro ‘A terceira guerra mundial já começou’(2023), a autora destaca no capítulo 2, sobre manipulações e experimentos sendo utilizados na sociedade com o auxílio da psicologia para induzir a determinados tipos de hábitos e comportamentos. Neste sentido, conforme a autora: “ as teorias de Sigmund Freud sobre o inconsciente foram usadas no século XX pelas elites, em vários contextos, para administrar e controlar as “massas perigosas”. De fato, foi o sobrinho de Freud, Edward Bernays (1891-1995), que usou pela primeira vez as ideias de seu ilustre tio para a manipulação social”.
Não sei se você percebeu, mas isso se alinha diretamente com aquele desejo de querer coisas das quais não precisamos.
A isso podemos dizer, de acordo com este engenhoso artifício (as teorias que muitas corporações aprenderam e utilizaram para um fim comercial e propagandístico), que existe uma estreita ligação com a criação de produtos induzindo aos desejos inconscientes das pessoas para adquiri-los. O sobrinho de Freud, o sr. Bernays, pode ser considerado o inventor da propaganda e das relações públicas, uma espécie de ‘mago’ da manipulação, conseguindo combinar um propósito utilitarista e consumista aos impulsos inconscientes dos indivíduos.
Não estaria aí, uma espécie de governo invisível, todo-poderoso, capaz de controlar as pessoas sem que elas percebam?
Pois bem, agora imaginemos um mundo (semelhante ao que foi tratado em nosso último artigo), com a vontade das pessoas sendo bombardeadas diretamente em seus inconscientes, de modo a não apenas induzir a um desejo de consumir, mas de agir em escala global de acordo com as circunstâncias (por uma minoria) de quem lhes domina e controla.
Voltando a afirmação inicial, é justamente deste contexto que se trata. O mundo vivia a chamada Guerra Fria, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, e a terra praticamente estava dividida: economicamente, militarmente e ideologicamente. De um lado, os EUA e do outro a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). E desde então, como em outros acontecimentos, cada qual ajunta para si, aliados e inimigos, alcançando maiores proporções do que possamos imaginar.
Estamos numa trincheira, grandes blocos econômicos disputam a hegemonia, mas hoje, a maior batalha de todas é pelas nossas mentes, os alvos são as nossas almas, portanto, tenhamos cuidado. Talvez tenha feito algum sentido para você o que está exposto, ou quem sabe, ficaram apenas frases soltas. Contudo, o que me propus a expor neste espaço, pode ser resumido da seguinte forma: guerra é estratégia, vence quem tem o poder de influenciar os/as resultados/pessoas. Nos mantenhamos sóbrios e vigilantes.