New Age: no limiar de uma ‘nova’ humanidade
Imagine que não exista paraíso. É fácil se você tentar. Nenhum inferno sob nós. Acima de nós apenas o céu. Imagine todas as pessoas. Vivendo o presente. Imagine que não há países. Não é difícil. Nenhum motivo para matar ou morrer.
E nenhuma religião também. Imagine todas as pessoas. Vivendo a vida em paz. Você pode dizer que sou um sonhador.
Mas eu não sou o único. Eu espero que algum dia você se junte a nós. E o mundo viverá como um só. Os trechos que estão descritos se referem a uma famosa canção, lançada no início da década de 70 pelo músico inglês John Lennon, escrita sobre influência de sua esposa Yoko Ono (que lhe inspirou através dos seus diversos poemas, presentes na sua obra Grapefruit, de 1964).
Hoje caro(a) leitor(a), iniciamos este artigo destacando algumas partes de uma canção, mas não iremos apresentar nenhuma obra musical ou falar sobre bandas e seus estilos. A abordagem deste texto parte da seguinte prerrogativa: existe um anseio natural nos seres humanos, uma busca por um lugar melhor. Talvez nem todos estejam atentos aos sinais que reverberam em seu interior, devido a agitação do dia a dia, e sobretudo, pelo distanciamento artificial que vem sendo induzido aos nossos sentidos.
Dito isto, passemos a uma breve consideração, ocorrida no final do século XVIII, mais precisamente o ano de 1789(com consequências posteriores, na Europa e no mundo), ponto alto da chamada Revolução Francesa (tema que foi tratado por aqui em edições anteriores), que para o nosso objetivo se relaciona com uma mudança, senão na estrutura da realidade, ao menos na forma de nomeá-la, criando a ideia de uma ‘nova’ humanidade.
Na realidade, uma fé revolucionária, com símbolos para legitimar seus objetos de fé. Da simplificação radical, substituiu-se argumentos por rótulos. Um lema em três palavras: liberdade, igualdade e fraternidade. Para James Hadley Billington (1929-2018), “primeiro houve o ideal político de assegurar a liberdade por meio de uma república constitucional, (…) causa revolucionária da liberdade.
Em segundo lugar, houve o ideal emocional de experimentar o companheirismo em um novo tipo de nação. Era essa a visão romântica da fraternidade. Por fim, veio o ideal intelectual de criar uma comunidade socioeconômica não hierárquica. Era este o conceito racionalista de igualdade: a partilha coletiva de bens numa comunidade livre de todas as distinções sociais e econômicas”.
Assim criou-se as bases de inúmeros movimentos e regimes totalitários que viriam a se instaurar no mundo. Foi da combinação destes slogans, ora em harmonia, por vezes, aparentemente antagônicos, que estruturas de poder e governos surgiram. Talvez possa soar simplista, a redução da história do Ocidente a partir de alguns vestígios materiais. Contudo, para chegarmos ao atual estado, as condições em que se apresentam o limiar da humanidade (aproximadamente 8 bilhões, segundo as Nações Unidas), o que importa saber é, “em que pé”, ou para onde estamos caminhando?
E por que não, poderia nos caber nesta hora, alimentarmos nossa imaginação para perceber se já não estamos vivendo numa distopia digna da literatura ficcional dos idos das décadas de 30 e 40? O que vem se agigantando no cenário geopolítico nos revela este roteiro. Ora, não sei se você se recorda, mas o único que prometeu: ‘sereis como deuses’ e ‘se prostrado me adorares, tudo te darei’ -, na narrativa bíblica, é o inimigo de nossas almas.
A futura revolução que vem ganhando força (e revelando seus tentáculos, ainda que pretensiosamente salvífico), que apelou aos sentidos humanos em todas as gerações, é aquela que tem o objetivo de concretizar uma nova comunidade para além de todos os reinos, se materializando na terra como jamais poderia fazer no céu.
Por ora, ficamos com as advertências e palavras do Divino Mestre: ‘eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos.
Sede, pois prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas. (…) Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Nos cumpre então, encontrarmos nossa vocação, vivê-la e sabermos que estamos diante da eternidade, e que um dia, haveremos de prestar contas, grandes e pequenos. Um novo céu e uma nova terra, não partem de iniciativa humana, mas da restauração de todas as coisas através D’aquele que tudo criou