Diário O Município

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A crise política catarinense em razão da operação “Mensageiro” ganhou mais um capítulo na quinta-feira (27), quando a 4* fase da operação levou mais 8 prefeitos para a cadeia através da prisão preventiva expedida pelo Tribunal de Justiça a pedido do Ministério Público estadual. Esta operação tem sido tratada pelo judiciário como o maior esquema de corrupção em solo catarinense já descoberto, algo nunca antes visto ou imaginável. A Operação Mensageiro foi deflagrada e no início de dezembro de 2022 chegou até nossa região tendo por objetivo apurar a suspeita de fraude em licitações, casos de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no setor de coleta de lixo em Santa Catarina. Na operação, a princípio 20 municípios foram investigados, mas os mandados de busca, apreensão e prisão foram cumpridos em mais de 30 cidades e no Distrito Federal. Esta operação contra fraudes na coleta de lixo ocorre nos municípios: Joinville, Mafra, Brusque, Imbituba, Campo Alegre, Pien (PR), Lages, Pescaria Brava, Canoinhas, Laguna, Imaruí, Braço do Norte, Tubarão, Capirvari de Baixo, Agrolândia, Apiúna, Ibirama, Presidente Getúlio. Além disso, foram cumpridos mandados em Três Barras, Corupá, Itapoá, Barra Velha, Schroeder, Guaramirim, Papanduva, Balneário Barra do Sul, Major Vieira, Canoinhas e Bela Vista do Toldo. A operação é comandada pelo GAECO (Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas) e pelo GEAC (Grupo Especial Anticorrupção) do Ministério Público de Santa Catarina.

Uma operação do tamanho de um dos acusados

Santa Catarina é um dos estados brasileiros onde a pesca artesanal tem destaque e por consequência muitas referências nativas possuem influência direta no linguajar popular. Tanto que os pescadores pontuam algumas particularidades de suas atividades e uma delas trata do tamanho da malha da rede (dimensões de rede de pesca usada para capturar peixes de acordo com o tamanho). Sem dúvidas que para pegar um peixe grande somente uma rede de malha grande e a operação Mensageiro” sem dúvidas buscou os chamados grandes peixes da política catarinense. Mas nenhum dos acusados até o momento tem o histórico político de Joares Carlos Ponticelli.

A ascensão do jovem de Pouso Redondo

Joares Carlos Ponticelli nasceu em 10 de fevereiro de 1965, na cidade de Pouso Redondo, no Alto Vale do Itajaí, filho de agricultores, concluiu o 2º grau em Rio do Sul, formou-se em Licenciatura em Ciências e Matemática pela Unisul. Em 1984, foi admitido em concurso público e passou a ser professor de Educação Física em Pouso Redondo. Em 1987, transferiu-se para Tubarão, onde deu início à vida pública e já vislumbrava a política mas antes destacou se na Escola Técnica Diomício Freitas, onde chefiou diversos departamentos antes de assumir a direção-geral da instituição. Na área da educação, foi um dos integrantes do grupo de instalação do Colégio Energia em Tubarão sendo, mais tarde, nomeado diretor da escola.
Em 1996, assumiu a chefia do Gabinete de Imprensa e Relações Públicas da Prefeitura de Tubarão. No mesmo ano, elegeu-se vereador e tornou se líder da bancada do então PPB. Atuou, também, como secretário-geral da União dos Vereadores de Santa Catarina (Uvesc). Em 1998, elegeu-se pela primeira vez deputado estadual, sendo reeleito em 2002, 2006 e 2010, onde nesse período, foi vice-líder e líder do governo por três vezes. Atuou em praticamente todas as comissões permanentes da Casa, com destaque para a presidência nas Comissões de Educação, Cultura e Desporto; de Turismo e Economia, do Decoro Parlamentar, além das comissões especiais externas da BR-101 e a do Complexo Lagunar. Ainda no Legislativo catarinense, Ponticelli foi presidente do Fórum Parlamentar das Rodovias Federais, presidiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e foi membro de outras três. Mas sem dúvidas o ápice de sua trajetória foi quando em 2013 enquanto presidia a ALESC e o estado era governado por Raimundo Colombo quando em razão de viagem internacional e o vice governador licenciado por questões de saúde, Ponticelli assume o governo do estado. O próprio Ponticelli sempre fez questão de destacar sua história em entrevistas era normal ele abordar “Confesso que essa é uma grande realização para um cidadão que trabalhou na roça, foi empacotador de supermercado e chapeiro de lanchonete, estudou em escola pública e que escolheu o magistério como profissão, chegar ao máximo Poder do Estado”, afirmava Ponticelli na época em que governou Santa Catarina.

Os embates e indisposições politicas

Joares Ponticelli certamente consolidou sua trajetória política quando assumiu a liderança de seu partido (PP) na ALESC e tinha como governador do estado Luiz Henrique da Silveira (MDB). Opositor, Ponticelli se tornou o maior fiscalizador do governo e nem mesmo situações constrangedoras (o caso do desmanche das camionetes e sua separação matrimonial) inibiram o Progressista. Mas o preço da fatura chegou e quando ele se preparava para ser o candidato ao senado na tríplice aliança (MDB, PFL e PSDB) que iria se tornar múlti-aliança com o ingresso do (Progressistas) o então senador Luiz Henrique não admitiu a entrada do (progressistas) afinal como os emedebistas iriam se sentir pedir voto ao senado a Ponticelli o maior algoz do governo LHS. Porém não era apenas com LHS que Ponticelli se indispunha, ele nunca admitiu quem atravessasse seu caminho e os embates políticos sempre foram memoráveis e até mesmo antigos aliados não foram poupados da metralhadora de Ponticelli tendo um deles o ex prefeito de Tubarão Carlos Stupp (PSDB). Já que a vaga a sua candidatura ao senado não havia prosperado restou a Ponticelli em 2014, concorrer ao cargo de Vice-Governador de Santa Catarina, na chapa encabeçada por Paulo Bauer já que o projeto da multi aliança não deu certo. Nas eleições municipais de 2016, elegeu-se Prefeito de Tubarão para mandato de 2017 a 2020. Assumiu, no início de 2019, a presidência da Federação Catarinense dos Municípios (FECAM). No pleito de 2020, Joares Ponticelli concorreu à reeleição de Prefeito de Tubarão, pelo (Progressistas), tendo Caio Tokarski, por Vice (PSD), na Coligação “O Trabalho Tem Que Continuar”.

Operação Mensageiro e a dura realidade

Nada e ninguém poderia deter o rapaz de Pouso Redondo, afinal nem mesmo desafetos e assessores assim como alguns homens que gozavam de sua confiança e foram defenestrados, poderiam extirpar o futuro de Ponticelli. Mas a grande e jamais vista operação investigatória de SC poderia ser imaginada e o lixo (recolhimento e destino) por parte da empresa terceirizada fez a diferença. Na 3* fase da operação Ponticelli e seu vice Caio Tocarski se tornaram alvo (exatamente quatro dias após o aniversário do prefeito) levaram ambos para o presidio em um pedido aceito pelo TJSC por parte do MPSC. Um servidor municipal responsável pela gerencia de gestão do município também já havia sido preso na 2* fase. Como diz o velho ditado “Nada é tão ruim que não possa piorar” e exatamente no dia (27/04) da 4* fase deflagrada da operação, Ponticelli (assim como seu vice Caio) que até então figuravam como investigados viraram réus na operação “Mensageiro”.

Uma avaliação política cabe ao caso

Ponticelli em sua trajetória política mudou muito seu staff que o acompanhava, (assessores, chefes de gabinetes e até mesmo militantes) se afastaram dele. Ponticelli não era mais o mesmo. Seu vice (Caio Tokarski) se tornou o grande chefe e nas rodas de conversa Caio era citado como o primeiro ministro do governo (uma alusão ao regime parlamentarista). Coincidência ou não o gerente de gestão (Darlan Mendes) sempre foi ligado a Caio (desde que era secretario de desenvolvimento regional) e grande pivô da operação afinal preso na 2* fase em 2022 e também réu.

Mas enfim a dura e evidente realidade

O Rapaz de Pouso Redondo desembarcado em Tubarão e onde tinha o céu o seu limite, hoje é réu em uma operação a altura talvez de sua história, já que Ponticelli por soberba ou “Inexperiência” abandonou amigos e seguidores que desde sempre estiveram juntos com ele. Mas enfim é aguardar para ver os desdobramentos desta operação, já que agora Ponticelli é “denunciado” e caberá a sua defesa provar sua inocência e torcemos por isso, afinal está em jogo a história do jovem de Pouso redondo que sonhava ou ainda sonha que o céu é o limite.